29 de nov. de 2009

O filme de Lula e a propaganda criminosa


por Ipojuca Pontes

O articulista Zuenir Ventura, comunista light a serviço da patotagem do cinema novo, reverberou a opinião (“O Globo” 25/11/09) de Luiz Carlos Barreto, quem sabe bolado nos intestinos mentais deste produtor, de que o filme “Lula, o filho do Brasil” (no qual a Globo Filmes, empresa das Organizações Globo, investiu R$ 800 mil) foi produzido “para ganhar dinheiro, sem qualquer objetivo ideológico”. Antes, no mesmo espaço, fazendo marketing disfarçado, Ventura já havia caitituado o filme de Lula, que, segundo ele, iria “mexer com a emoção e encharcar o cinema de lágrimas”.

Por que esse tipo de gente reage à percepção generalizada de que o filme de Lula, estrategicamente amparado pela Secretaria de Comunicação do governo, feito com o aval e o empenho do próprio Lula, é uma peça de propaganda oficial a serviço do deletério culto à personalidade? O que se procura esconder por trás de tal pretensão? A quem se pretende enganar?

(Minha resposta é que para impor seus objetivos de perpetuação de poder os comunistas só acreditam na manipulação dos fatos).

Levantemos alguns dados que não permitem dúvidas quanto ao caráter político-eleitoreiro do filme em foco, um típico exemplar do que na Itália fascista se chamou de “cinema do telefone branco”:

1) A pesquisa em que o filme se baseia – fortemente maquiada –é de autoria da “companheira” petista Denise Paraná, assessora política na campanha do ex-sindicalista contra Collor de Mello, em 1989;

2) A editora do livro, que financiou a pesquisa, é nada menos que a facciosa Fundação Perseu Abramo, organismo criado pelo PT para dar “suporte ideológico” aos “companheiros de jornada”, em geral com verbas dos cofres públicos;

3) A logística financeira do projeto milionário, segundo informa “Veja” (25/11/09), é do homem de propaganda do governo, o ex-guerrilheiro Franklin Martins, “que teve influência decisiva na captação de recursos” tomados de empresas privadas dependentes do BNDES, banco dominado pelo governo petista;

4) O produtor do “bom negócio” é Luiz Carlos Barreto, velho predador dos cofres oficiais, que já se disse preso político e eleitor de Lula, embora de fato seja um ex-praça do corpo de Fuzileiros Navais com passagem pelos pântanos pouco ortodoxos de “O Cruzeiro”;

5) A linha de aberto culto à personalidade adotada pelo filme, seguindo modelo stalinista, faz de Lula uma cruza de santo com herói predestinado, tal qual um novo Moisés bíblico a abrir mares e levar os deserdados à terra da promissão. Neste sentido, convém lembrar que o publicitário oficial Duda Mendonça andou “burilando” a peça;

6) Embora o aval de Lula e os direitos de filmagens estivessem cedidos desde 2003, a “expertise” da produção programou sua exibição exatamente para 2010, ano de eleições presidenciais, no pressuposto de que o melodrama mistificador seria peça publicitária capaz de influenciar a massa ignara na hora do voto.

A idéia de beatificar Lula não é nova. Na campanha presidencial de 1989, enquanto parte do PT agredia Collor denunciando que ele era “filho de assassino” e “casado com duas mulheres” (exibia fotos no seu programa eleitoral de TV), outra facção da futura “quadrilha organizada” vendia Lula, de forma ensurdecedora, como um Cristo Iluminado, de conduta perfeita, ilibada e irretocável.

Foi preciso que aparecesse, nas páginas do “Estadão” (e, depois, no programa de Collor na TV), a enfermeira Miriam Cordeiro, ex-mulher do santificado Lula, tratando-o por consumado “canalha”. Entre outras verdades, a enfermeira afirmava que o “Cristo Iluminado”, desde que a tinha abandonado grávida de seis meses, discriminava miseravelmente a filha, Lurian, cuja vida, anos antes, queria “ver abortada”.

Agora, a mitificação de Lula, em torno da qual está atrelada a candidatura da ex-terrorista Dilma Rousseff, reaparece. Nela, o irrefreável Barreto explica que o herói da sua milionária obra de propaganda não é Lula, mas, sim, a mãe, D. Lindu, uma mulher devotada ao filho, a quem tratava com especial carinho. Se o que Barreto diz é verdade, Lula foi um filho relapso, para dizer o mínimo. Em depoimento ao repórter Mário Morel, no livro “Lula, o metalúrgico” (Nova Fronteira, Rio, 1989), “Frei” Chico conta que “a mãe ficou muito doente”, e que o irmão, Lula, já por conta da cachaça sindical, “não ia ver a velha”. E acrescenta: “Eu tenho uma irmã que tem uma bronca dele: Pô, você não foi ver a velha”. E vai por aí.

O meio familiar e sindical em que Lula viveu e se formou pode, pelo menos em parte, justificar o seu caráter, ou melhor, a completa ausência dele. Vejamos como a coisa se dava. A esse respeito, a citada Denise Paraná reproduz sintomático depoimento de Lula, que, na certa, não figura na propaganda de Barreto. Confessa ele inconsciente e, por cálculo, aparentemente sincero: “A carne que a gente comia era mortadela que o meu irmão roubava na padaria onde ele trabalhava”.

O mesmo irmão (seria o lobista Vavá?) que roubou a padaria, certa vez apareceu em casa dizendo que tinha encontrado um pacote de dinheiro embrulhado num jornal, debaixo de um carrinho. Esse dinheiro considerável – relata Denise Paraná – foi usado “para quitar o aluguel atrasado em cinco meses e financiar a mudança da família para a Vila Carioca, em S. Bernardo do Campo”. História esquisita, muito comovente, mas pergunta-se: e o dono do dinheiro, como ficou?

Quem sabe influenciado pelo irmão, o próprio Lula se jacta ao repórter Mário Morel (na obra citada) de ter, já rapaz feito, mandado o patrão “tomar no c*” depois de arrancar-lhe dinheiro de combinada hora extra que jamais cumpriu – o que não deixa de expressar, sem retoques, o seu peculiar senso ético.

No exercício da liderança sindical, o escolado Lula também não surpreende. Perduram nos anais da história seus encontros com Murilo Macedo, num sítio em Atibaia, interior de São Paulo, em que o “filho do Brasil” enchia a cara de cachaça e pedia – e recebia – grana ao ministro do Trabalho da “ditadura militar”.

Para não esgotar a paciência do leitor, avanço só mais um exemplo de como a propaganda de Barreto, municiada pelo governo, perverte a verdade dos fatos e constrói o deplorável mito: certa feita, na sua vida sindical, Lula, segundo relata Paraná, testemunhou impassível o brutal espancamento de um diretor de fábrica que, para não morrer, sacou o revolver e atirou para o ar. Diante da furiosa investida, em que os grevistas jogaram o homem pela janela, o nosso iluminado “condottieri” assim opinou sobre o massacre: “Eu achava que o pessoal estava fazendo justiça”.

Na versão mentirosa do filme de Barreto, feita para empulhar o espectador, após ver o trucidamento, Lula corre na direção do irmão sindicalista, “Frei” Chico. E diz, horrorizado: “Ele também é trabalhador!”.

No entanto, é justo reconhecer, há uma contraditória verdade quando se diz que o “filme de Lula foi feito para ganhar dinheiro”. Em última análise, o que queriam Lenin, Stalin, Hitler, Mussolini, Mao, Fidel Castro e tantos outros ditadores menores ao financiar a propaganda (sutil ou grosseira) em torno de suas extraordinárias e inexistentes qualidades pessoais?

Resposta: a manutenção interminável do poder, isto é, vida palaciana, roupas, comidas e bebidas refinadas, serviçais requintados, viagens internacionais, salários colossais, amantes, honrarias, respeito subserviente, disponibilidade do largo aparato partidário e a subordinação as classes sociais, arbítrio sobre a liberdade dos outros, etc., etc., etc. – o que significa dizer dinheiro, muito dinheiro, especialmente para quem, no comando do aparato do Estado, explora a riqueza alheia, em geral sacada por força da violência coercitiva do bolso de quem trabalha e produz.

Por outro lado, convém lembrar, a crescente expansão do capitalismo de Estado associado ao aparelhamento da máquina pública pelas hostes do PT, tornou o Brasil um dos países mais corruptos e violentos do mundo, senão o mais violento e corrupto. Ou alguém dúvida que fenômenos como o “mensalão”, os financiamento do parasitismo revolucionário do MST e de personalidades como Stédile, Marco Aurélio Garcia e afins, as somas bilionárias dos fundos de pensão e dos sindicatos, a súbita riqueza de Lulinha, a diplomacia comunista de Amorim, os intermináveis jantares e confraternizações do Planalto, os fabulosos gastos com a propaganda do governo, a leniência da mídia com a ignorância comunista de Lula e Dilma Rousseff, a corrupção eleitoral a partir de programas de aceleração do crescimento e suas vultosas comissões, os serviçais e a boa vida do Palácio da Alvorada (sempre em dispendiosas reformas) e a produção de filmes como “Lula, o Filho do Brasil”, por exemplo, não são consequências diretas do Estado Forte do “companheiro” Lula, prenúncio do mais sórdido socialismo?

PS – Se o espectador por acaso assistir a “Lula, o Filho do Brasil” e encarar o filme como propaganda enganosa, e não concordar com ela, pode muito bem passar no Procon. O artigo 37 do Código do Consumidor, que a considera um crime, é muito claro: é enganosa qualquer tipo de publicidade que divulga informação total ou parcialmente falsa, capaz de induzir o consumidor a erro de julgamento. A pena do responsável pela infração é de três meses a um ano de detenção e multa.

Publicado em http://www.midiaamais.com.br/

2 de nov. de 2009

Histórica Escola de Artes Visuais (EAV) Parque Lage é usada pra propaganda de Lula e Dilma

Foto MaurícioTheo/Escola De Artes Visuais do Parque Lage.

Fotos do PAC em escola de arte causam polêmica


Ainda inacabadas, as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em favelas do Rio de Janeiro são tema de exposição organizada pelo governo do Estado. Foi inaugurada na semana passada a mostra de fotografia Memórias do PAC na Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage, na zona sul. Fundada em 1975 por Rubens Gerchman, a EAV foi palco, em 1984, da grande exposição "Como Vai Você, Geração 80?", um marco na história das artes plásticas, que reuniu artistas como Daniel Senise, Leonilson e Luiz Zerbini.

Fotografias exibem operários trabalhando, logotipos dos governos federal e estadual, escavadeiras, etc. Não há registros sobre violência. No catálogo, a maioria dos comentários de moradores são elogiosos às obras do PAC, mas há críticas. "Moro numa casa grande e fico preocupada de ir para uma menor. Minha preocupação é de morar lá num lugar pequenininho. Já vi a casa-padrão, e minha cozinha dá três dessa casa!", diz uma moradora de Manguinhos. "Esse tal de PAC tá quebrando tudo por aqui. Dizem que é o progresso, que a favela vai ganhar cidadania, quero estar vivo para ver. Espero que esse cabra não quebre tudo e deixe a gente na lama", diz outro, do Pavão-Pavãozinho.

"Uma escola de arte tem de mostrar a produção dela. Não deve divulgar nada do governo. Não é para ter uma exposição como essa na EAV. Acho lamentável", disse Senise. "A atual secretária de Cultura (Adriana Rattes) fez muito pelo Parque Lage, mas isso não justifica que a escola seja usada para fazer propaganda do governo federal", acrescentou o artista. Em maio, o parque foi cedido pelo governo federal ao Estado, que apresentou cronograma de obras para melhorar a estrutura da EAV.

A mostra é resultado de oficina realizada pela Secretaria de Cultura e pela ONG Observatório de Favelas, com recursos do Pronasci, do Ministério da Justiça. Dos 94 moradores dos complexos do Alemão e de Manguinhos e das favelas da Rocinha e Pavão-Pavãozinho/Cantagalo inicialmente inscritos no projeto, 40 cumpriram os 10 meses de estudo e prática.

Aluna na década de 1970 e diretora da EAV há um ano, Claudia Saldanha destacou a importância social do trabalho. Para ela, a mostra de fotografias "não é uma exposição de obras de arte, e não tem essa pretensão". Já a secretária de Cultura do Estado escreveu no catálogo do trabalho que "a união de forças importantes - talento, criatividade, técnica, perseverança e recursos - gera arte e fotojornalismo de verdade".

Claudia defendeu o uso do salão nobre e das principais galerias da mansão, projetada em 1920, onde funciona a EAV. "A escola tem como função divulgar a obra não apenas de artistas de vanguarda, mas trabalhos em processo, jovens artistas e projetos externos. Não deve ser vista como museu ou galeria de arte", disse. A diretora defendeu "uso mais amplo" da EAV. "Antes, já houve uma mostra de alunos da Universidade do Estado (Uerj). A escola sempre foi do governo, mas adquiriu práticas privadas. O que estamos tentando fazer é resgatar o sentido de escola pública. Portanto, é natural e legítimo mostrar um projeto da secretaria", argumentou.

Professor da EAV há 18 anos, João Magalhães é contra a exposição. "A escola é respeitada por sua história, construída com independência, autonomia e liberdade. Não pode correr o risco de se perder abrigando exposições que não sejam estritamente de arte." Ele defendeu a criação de uma curadoria para futuras escolhas. "A decisão sobre a exposição foi apenas comunicada. Raríssimos professores compareceram à inauguração."

Claudia afirmou que a interpretação de que há propaganda embutida "mostra preconceito em relação ao acesso de camadas pobres da população a um lugar como o Parque Lage, na zona sul". Para Senise, o importante não é a discussão sobre a qualidade dos trabalhos, mas "o uso do nome PAC numa escola de arte". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.