22 de dez. de 2009

Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil




Os intelectuais de esquerda que escrevem a história brasileira têm mais um livro para se incomodar: o
Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, do jornalista Leandro Narloch.


Lancei recentemente pela editora Leya o livro Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, uma reunião informações esquecidas e episódios irritantes e desagradáveis a quem se considera vítimas de "grandes potências", "exploradores" e "imperialistas". Deixo para os leitores do MSM alguns exemplos.


Zumbi tinha escravos


Nos anos 70, os historiadores marxistas projetaram no Quilombo de Palmares tudo o que imaginavam de sagrado para uma sociedade comunista: igualdade, relações de trabalho pacíficas e comida para todos. Sabe-se hoje que o quilombo do século 17 estava mais para um reino africano daquela época que para uma sociedade de moldes que surgiram mais de um século depois. Zumbi provavelmente descendia de imbangalas, os "senhores da guerra" da África Centro-Ocidental. Guerreiros temidos, eles habitavam vilarejos fortificados, de onde partiam para saques e sequestros dos camponeses de regiões próximas. Durante o ataque a comunidades vizinhas, recrutavam garotos, que depois transformariam em guerreiros, e adultos para trocar por ferramentas e armas. Esse modo de vida é bem parecido ao descrito por quem conheceu o Quilombo dos Palmares. "Quando alguns negros fugiam, mandava-lhes crioulos no encalço e uma vez pegados, eram mortos, de sorte que entre eles reinava o temor", afirma o capitão holandês João Blaer.


Décio Freitas inventou dados sobre Zumbi


Os historiadores marxistas que engrandeceram Zumbi tinham um problema: não há sequer um documento dando detalhes da personalidade ou da biografia do líder negro. Para resolver esse obstáculo, Décio Freitas mentiu sem culpa. No livro Palmares: A Guerra dos Escravos, Décio afirma ter encontrado cartas mostrando que o herói cresceu num convento de Alagoas, onde recebeu o nome de Francisco e aprendeu a falar latim e português. Aos 15 anos, atendendo ao chamado do seu povo, teria partido para o quilombo. As cartas sobre a infância de Zumbi teriam sido enviadas pelo padre Antônio Melo, da vila alagoana de Porto Calvo, para um padre de Portugal, onde Décio as teria encontrado. Ele nunca mostrou as mensagens para os historiadores que insistiram em ver o material. A mesma suspeita recai sobre outro livro seu, O Maior Crime da Terra. O historiador gaúcho Claudio Pereira Elmir procurou por cinco anos algum vestígio dos registros policiais que Décio cita. Não encontrou nenhum.


Quem mais matou índios foram os índios


Nas bandeiras ao interior do Brasil, geralmente apontadas como a maior causa de morte da população indígena depois das epidemias, havia no mínimo duas vezes mais índios - normalmente dez vezes mais. Sobre a mais mortífera delas, a que o bandeirante Raposo Tavares empreendeu até as aldeias jesuíticas de Guaíra, os relatos apontam para uma bandeira formada por 900 paulistas e 2 mil índios tupis. "No entanto, nestas versões, o total de paulistas parece exagerado, uma vez que é possível identificar apenas 119 participantes em outras fontes", escreveu o historiador John Manuel Monteiro no livro Negros da Terra. Cogita-se até que o modelo militar das bandeiras seja resultado mais da influência indígena que europeia. "É difícil evitar a impressão, por exemplo, de que as bandeiras representavam uma predileção tupi por aventuras militares", afirma o historiador Warren Dean.


Os portugueses ensinaram os índios a preservar a floresta


Apesar de muitos líderes indígenas de hoje afirmarem que o "homem branco" destruiu a floresta enquanto eles tentavam protegê-la, esse discurso politicamente correto não nasceu com eles. Nasceu com os europeus logo nas primeiras décadas após a conquista. Os portugueses criaram leis ambientais para o território brasileiro já no século 16. As ordenações do rei Manuel I (1469-1521) proibiam o corte de árvores frutíferas em Portugal e em todas as colônias. No Brasil, essa lei protegeu centenas de espécies nativas. Em 1605, o Regimento do Pau-Brasil estabeleceu punições para os madeireiros que derrubassem mais árvores do que o previsto na licença. Conforme a quantidade de madeira cortada ilegalmente, o explorador poderia ser condenado à pena de morte.


João Goulart favorecia empreiteiras


A informação vem do próprio Samuel Wainer, no livro Minha Razão de Viver. De acordo com o jornalista, então diretor do Última Hora e um dos principais aliados do presidente, o esquema da época era aquele famoso tipo de corrupção que hoje motiva escândalos. "Quando se anunciava alguma obra pública, o que valia não era a concorrência - todas as concorrências vinham com cartas marcadas, funcionavam como mera fachada", escreveu Wainer. O que tinha valor era a combinação feita entre homens do governo e das empresas por trás das cortinas. "Naturalmente, as empresas beneficiadas retribuíam com generosas doações, sempre clandestinas, à boa vontade do governo."


Os guerrilheiros comunistas não lutavam por liberdade


De dezoito estatutos e documentos escritos por organizações de luta armada nos anos 1960 e 1970, catorze descrevem o objetivo de criar um sistema de partido único e erguer uma ditadura similar aos regimes comunistas que existiam na China e em Cuba. A Ação Popular, por exemplo, defendia com todas as letras "substituir a ditadura da burguesia pela ditadura do proletariado".


Leandro Narloch, jornalista.


Compre aqui o livro "Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil", de Leandro Narloch.

Fonte: http://www.midiasemmascara.org/artigos/cultura/10631-guia-politicamente-incorreto-da-historia-do-brasil.html

29 de nov. de 2009

O filme de Lula e a propaganda criminosa


por Ipojuca Pontes

O articulista Zuenir Ventura, comunista light a serviço da patotagem do cinema novo, reverberou a opinião (“O Globo” 25/11/09) de Luiz Carlos Barreto, quem sabe bolado nos intestinos mentais deste produtor, de que o filme “Lula, o filho do Brasil” (no qual a Globo Filmes, empresa das Organizações Globo, investiu R$ 800 mil) foi produzido “para ganhar dinheiro, sem qualquer objetivo ideológico”. Antes, no mesmo espaço, fazendo marketing disfarçado, Ventura já havia caitituado o filme de Lula, que, segundo ele, iria “mexer com a emoção e encharcar o cinema de lágrimas”.

Por que esse tipo de gente reage à percepção generalizada de que o filme de Lula, estrategicamente amparado pela Secretaria de Comunicação do governo, feito com o aval e o empenho do próprio Lula, é uma peça de propaganda oficial a serviço do deletério culto à personalidade? O que se procura esconder por trás de tal pretensão? A quem se pretende enganar?

(Minha resposta é que para impor seus objetivos de perpetuação de poder os comunistas só acreditam na manipulação dos fatos).

Levantemos alguns dados que não permitem dúvidas quanto ao caráter político-eleitoreiro do filme em foco, um típico exemplar do que na Itália fascista se chamou de “cinema do telefone branco”:

1) A pesquisa em que o filme se baseia – fortemente maquiada –é de autoria da “companheira” petista Denise Paraná, assessora política na campanha do ex-sindicalista contra Collor de Mello, em 1989;

2) A editora do livro, que financiou a pesquisa, é nada menos que a facciosa Fundação Perseu Abramo, organismo criado pelo PT para dar “suporte ideológico” aos “companheiros de jornada”, em geral com verbas dos cofres públicos;

3) A logística financeira do projeto milionário, segundo informa “Veja” (25/11/09), é do homem de propaganda do governo, o ex-guerrilheiro Franklin Martins, “que teve influência decisiva na captação de recursos” tomados de empresas privadas dependentes do BNDES, banco dominado pelo governo petista;

4) O produtor do “bom negócio” é Luiz Carlos Barreto, velho predador dos cofres oficiais, que já se disse preso político e eleitor de Lula, embora de fato seja um ex-praça do corpo de Fuzileiros Navais com passagem pelos pântanos pouco ortodoxos de “O Cruzeiro”;

5) A linha de aberto culto à personalidade adotada pelo filme, seguindo modelo stalinista, faz de Lula uma cruza de santo com herói predestinado, tal qual um novo Moisés bíblico a abrir mares e levar os deserdados à terra da promissão. Neste sentido, convém lembrar que o publicitário oficial Duda Mendonça andou “burilando” a peça;

6) Embora o aval de Lula e os direitos de filmagens estivessem cedidos desde 2003, a “expertise” da produção programou sua exibição exatamente para 2010, ano de eleições presidenciais, no pressuposto de que o melodrama mistificador seria peça publicitária capaz de influenciar a massa ignara na hora do voto.

A idéia de beatificar Lula não é nova. Na campanha presidencial de 1989, enquanto parte do PT agredia Collor denunciando que ele era “filho de assassino” e “casado com duas mulheres” (exibia fotos no seu programa eleitoral de TV), outra facção da futura “quadrilha organizada” vendia Lula, de forma ensurdecedora, como um Cristo Iluminado, de conduta perfeita, ilibada e irretocável.

Foi preciso que aparecesse, nas páginas do “Estadão” (e, depois, no programa de Collor na TV), a enfermeira Miriam Cordeiro, ex-mulher do santificado Lula, tratando-o por consumado “canalha”. Entre outras verdades, a enfermeira afirmava que o “Cristo Iluminado”, desde que a tinha abandonado grávida de seis meses, discriminava miseravelmente a filha, Lurian, cuja vida, anos antes, queria “ver abortada”.

Agora, a mitificação de Lula, em torno da qual está atrelada a candidatura da ex-terrorista Dilma Rousseff, reaparece. Nela, o irrefreável Barreto explica que o herói da sua milionária obra de propaganda não é Lula, mas, sim, a mãe, D. Lindu, uma mulher devotada ao filho, a quem tratava com especial carinho. Se o que Barreto diz é verdade, Lula foi um filho relapso, para dizer o mínimo. Em depoimento ao repórter Mário Morel, no livro “Lula, o metalúrgico” (Nova Fronteira, Rio, 1989), “Frei” Chico conta que “a mãe ficou muito doente”, e que o irmão, Lula, já por conta da cachaça sindical, “não ia ver a velha”. E acrescenta: “Eu tenho uma irmã que tem uma bronca dele: Pô, você não foi ver a velha”. E vai por aí.

O meio familiar e sindical em que Lula viveu e se formou pode, pelo menos em parte, justificar o seu caráter, ou melhor, a completa ausência dele. Vejamos como a coisa se dava. A esse respeito, a citada Denise Paraná reproduz sintomático depoimento de Lula, que, na certa, não figura na propaganda de Barreto. Confessa ele inconsciente e, por cálculo, aparentemente sincero: “A carne que a gente comia era mortadela que o meu irmão roubava na padaria onde ele trabalhava”.

O mesmo irmão (seria o lobista Vavá?) que roubou a padaria, certa vez apareceu em casa dizendo que tinha encontrado um pacote de dinheiro embrulhado num jornal, debaixo de um carrinho. Esse dinheiro considerável – relata Denise Paraná – foi usado “para quitar o aluguel atrasado em cinco meses e financiar a mudança da família para a Vila Carioca, em S. Bernardo do Campo”. História esquisita, muito comovente, mas pergunta-se: e o dono do dinheiro, como ficou?

Quem sabe influenciado pelo irmão, o próprio Lula se jacta ao repórter Mário Morel (na obra citada) de ter, já rapaz feito, mandado o patrão “tomar no c*” depois de arrancar-lhe dinheiro de combinada hora extra que jamais cumpriu – o que não deixa de expressar, sem retoques, o seu peculiar senso ético.

No exercício da liderança sindical, o escolado Lula também não surpreende. Perduram nos anais da história seus encontros com Murilo Macedo, num sítio em Atibaia, interior de São Paulo, em que o “filho do Brasil” enchia a cara de cachaça e pedia – e recebia – grana ao ministro do Trabalho da “ditadura militar”.

Para não esgotar a paciência do leitor, avanço só mais um exemplo de como a propaganda de Barreto, municiada pelo governo, perverte a verdade dos fatos e constrói o deplorável mito: certa feita, na sua vida sindical, Lula, segundo relata Paraná, testemunhou impassível o brutal espancamento de um diretor de fábrica que, para não morrer, sacou o revolver e atirou para o ar. Diante da furiosa investida, em que os grevistas jogaram o homem pela janela, o nosso iluminado “condottieri” assim opinou sobre o massacre: “Eu achava que o pessoal estava fazendo justiça”.

Na versão mentirosa do filme de Barreto, feita para empulhar o espectador, após ver o trucidamento, Lula corre na direção do irmão sindicalista, “Frei” Chico. E diz, horrorizado: “Ele também é trabalhador!”.

No entanto, é justo reconhecer, há uma contraditória verdade quando se diz que o “filme de Lula foi feito para ganhar dinheiro”. Em última análise, o que queriam Lenin, Stalin, Hitler, Mussolini, Mao, Fidel Castro e tantos outros ditadores menores ao financiar a propaganda (sutil ou grosseira) em torno de suas extraordinárias e inexistentes qualidades pessoais?

Resposta: a manutenção interminável do poder, isto é, vida palaciana, roupas, comidas e bebidas refinadas, serviçais requintados, viagens internacionais, salários colossais, amantes, honrarias, respeito subserviente, disponibilidade do largo aparato partidário e a subordinação as classes sociais, arbítrio sobre a liberdade dos outros, etc., etc., etc. – o que significa dizer dinheiro, muito dinheiro, especialmente para quem, no comando do aparato do Estado, explora a riqueza alheia, em geral sacada por força da violência coercitiva do bolso de quem trabalha e produz.

Por outro lado, convém lembrar, a crescente expansão do capitalismo de Estado associado ao aparelhamento da máquina pública pelas hostes do PT, tornou o Brasil um dos países mais corruptos e violentos do mundo, senão o mais violento e corrupto. Ou alguém dúvida que fenômenos como o “mensalão”, os financiamento do parasitismo revolucionário do MST e de personalidades como Stédile, Marco Aurélio Garcia e afins, as somas bilionárias dos fundos de pensão e dos sindicatos, a súbita riqueza de Lulinha, a diplomacia comunista de Amorim, os intermináveis jantares e confraternizações do Planalto, os fabulosos gastos com a propaganda do governo, a leniência da mídia com a ignorância comunista de Lula e Dilma Rousseff, a corrupção eleitoral a partir de programas de aceleração do crescimento e suas vultosas comissões, os serviçais e a boa vida do Palácio da Alvorada (sempre em dispendiosas reformas) e a produção de filmes como “Lula, o Filho do Brasil”, por exemplo, não são consequências diretas do Estado Forte do “companheiro” Lula, prenúncio do mais sórdido socialismo?

PS – Se o espectador por acaso assistir a “Lula, o Filho do Brasil” e encarar o filme como propaganda enganosa, e não concordar com ela, pode muito bem passar no Procon. O artigo 37 do Código do Consumidor, que a considera um crime, é muito claro: é enganosa qualquer tipo de publicidade que divulga informação total ou parcialmente falsa, capaz de induzir o consumidor a erro de julgamento. A pena do responsável pela infração é de três meses a um ano de detenção e multa.

Publicado em http://www.midiaamais.com.br/

2 de nov. de 2009

Histórica Escola de Artes Visuais (EAV) Parque Lage é usada pra propaganda de Lula e Dilma

Foto MaurícioTheo/Escola De Artes Visuais do Parque Lage.

Fotos do PAC em escola de arte causam polêmica


Ainda inacabadas, as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em favelas do Rio de Janeiro são tema de exposição organizada pelo governo do Estado. Foi inaugurada na semana passada a mostra de fotografia Memórias do PAC na Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage, na zona sul. Fundada em 1975 por Rubens Gerchman, a EAV foi palco, em 1984, da grande exposição "Como Vai Você, Geração 80?", um marco na história das artes plásticas, que reuniu artistas como Daniel Senise, Leonilson e Luiz Zerbini.

Fotografias exibem operários trabalhando, logotipos dos governos federal e estadual, escavadeiras, etc. Não há registros sobre violência. No catálogo, a maioria dos comentários de moradores são elogiosos às obras do PAC, mas há críticas. "Moro numa casa grande e fico preocupada de ir para uma menor. Minha preocupação é de morar lá num lugar pequenininho. Já vi a casa-padrão, e minha cozinha dá três dessa casa!", diz uma moradora de Manguinhos. "Esse tal de PAC tá quebrando tudo por aqui. Dizem que é o progresso, que a favela vai ganhar cidadania, quero estar vivo para ver. Espero que esse cabra não quebre tudo e deixe a gente na lama", diz outro, do Pavão-Pavãozinho.

"Uma escola de arte tem de mostrar a produção dela. Não deve divulgar nada do governo. Não é para ter uma exposição como essa na EAV. Acho lamentável", disse Senise. "A atual secretária de Cultura (Adriana Rattes) fez muito pelo Parque Lage, mas isso não justifica que a escola seja usada para fazer propaganda do governo federal", acrescentou o artista. Em maio, o parque foi cedido pelo governo federal ao Estado, que apresentou cronograma de obras para melhorar a estrutura da EAV.

A mostra é resultado de oficina realizada pela Secretaria de Cultura e pela ONG Observatório de Favelas, com recursos do Pronasci, do Ministério da Justiça. Dos 94 moradores dos complexos do Alemão e de Manguinhos e das favelas da Rocinha e Pavão-Pavãozinho/Cantagalo inicialmente inscritos no projeto, 40 cumpriram os 10 meses de estudo e prática.

Aluna na década de 1970 e diretora da EAV há um ano, Claudia Saldanha destacou a importância social do trabalho. Para ela, a mostra de fotografias "não é uma exposição de obras de arte, e não tem essa pretensão". Já a secretária de Cultura do Estado escreveu no catálogo do trabalho que "a união de forças importantes - talento, criatividade, técnica, perseverança e recursos - gera arte e fotojornalismo de verdade".

Claudia defendeu o uso do salão nobre e das principais galerias da mansão, projetada em 1920, onde funciona a EAV. "A escola tem como função divulgar a obra não apenas de artistas de vanguarda, mas trabalhos em processo, jovens artistas e projetos externos. Não deve ser vista como museu ou galeria de arte", disse. A diretora defendeu "uso mais amplo" da EAV. "Antes, já houve uma mostra de alunos da Universidade do Estado (Uerj). A escola sempre foi do governo, mas adquiriu práticas privadas. O que estamos tentando fazer é resgatar o sentido de escola pública. Portanto, é natural e legítimo mostrar um projeto da secretaria", argumentou.

Professor da EAV há 18 anos, João Magalhães é contra a exposição. "A escola é respeitada por sua história, construída com independência, autonomia e liberdade. Não pode correr o risco de se perder abrigando exposições que não sejam estritamente de arte." Ele defendeu a criação de uma curadoria para futuras escolhas. "A decisão sobre a exposição foi apenas comunicada. Raríssimos professores compareceram à inauguração."

Claudia afirmou que a interpretação de que há propaganda embutida "mostra preconceito em relação ao acesso de camadas pobres da população a um lugar como o Parque Lage, na zona sul". Para Senise, o importante não é a discussão sobre a qualidade dos trabalhos, mas "o uso do nome PAC numa escola de arte". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

28 de set. de 2009

Representações cómicas da República no contexto do Getulismo








Fonte: Elio Chaves Flores. Universidade Federal da ParaíbaRevista Brasileira de História, São Paulo 2001

20 de set. de 2009

O filme de Lula, o filho do Mal

Lula, interpretado por Rui Ricardo Dias, ator, mineiro de Santa Maria do Suaçuí.

Por Ipojuca Pontes

Como qualquer observador pode vir a concluir, Lula e o PT (encarado como uma "quadrilha organizada" pelo que resta da efetiva consciência nacional) são produtos diretos do arreglo histórico, ainda hoje prevalecente no Foro de São Paulo, entre os intelectuais comunistas da USP, religiosos apóstatas da Teologia da Libertação e esquerdistas radicais envolvidos com o terror rural e urbano.

"O cinema está no ramo da prostituição".
Ingmar Bergman


Numa noite de junho de 2005, Zé Dirceu, então chefe da Casa Civil do governo petista, considerado pelo procurador-geral da República como o chefe da "Quadrilha Organizada" operante no Planalto, reuniu-se em ambiente domiciliar, no Rio de Janeiro, com representantes da "classe artística", entre eles o lobista Luiz Carlos Barreto, o aríete-mor do cinema caboclo.


A tropa de choque do cinema, como sempre à cata de privilégios e regulamentações coercitivas, queria, com urgência, maior volume de verbas públicas para tocar a cornucópia da fortuna. O clima era de tensa expectativa. Depois da choradeira de praxe, o chefe da Casa Civil - logo depois varrido do cargo por força das denúncias do deputado Roberto Jefferson - arregaçou as mangas e encarou friamente a platéia ansiosa. Só então, dedo em riste, foi incisivo na sua convocação para fazer do cinema um ativo instrumento da propaganda oficial. Disse ele: - "Organizem-se e cheguem a nós".

O ex-guerrilheiro (sem guerrilha) não precisava chegar a tanto, afinal todos ali presentes não tinham outra intenção senão servir ao governo Lula, mas LC Barreto, cobra criada nos pântanos pouco ortodoxos de "O Cruzeiro" do "Dr. Assis", captou a mensagem. E logo após o interregno de alguns filmes sem o menor apelo, "matou no peito" a produção cinematográfica que ele, rápido no gatilho, transformou num "negócio de ouro": "Lula - o filho do Brasil", melodrama adaptado da "biografia autorizada" de Denise Paraná (assessora política de Lula na campanha contra Collor, em 1989), publicada pela Fundação Perseu Abramo, organismo criado pelo PT para dar suporte ideológico (marxista) aos "companheiros de luta" e lavar a cabeça dos "inocentes úteis" em âmbito universitário - está implícito, também com apoio das generosas verbas públicas.


Como por milagre, aos 80 anos, o lobista Barreto tinha em mãos, para abrir os cofres bilionários da Ambev, Odebrechet, Embraer e das grandes empresas nacionais, todas dependentes da boa e má vontade de Lula, a chave-mágica da "comovente história de um menino miserável do Nordeste que chegou à presidência da República" (depois de passar, já se vê, pela escola matreira do sindicalismo vermelho).


A primeira tarefa de LC Barreto ao levantar o esquema foi anunciar o orçamento daquele que se diz ser o "mais caro filme brasileiro de todos os tempos". Numa conta de chegar sempre elástica - sobretudo quando se trata de levar à tela a vida de presidente de um "Estado forte", em pleno gozo das funções -, de início a produção de Barreto foi orçada em R$ 12 milhões, em seguida revista para R$ 16 milhões, e logo depois elevada para R$ 17 milhões e R$ 18 milhões - sendo muito provável que "Lula, o filho do Brasil", quando do seu lançamento no ano eleitoral de 2010, ultrapasse a casa dos 30 milhões de reais, pois, como o lobista gosta de afirmar, é um "sujeito que pensa grande". (De fato, com o dinheiro que já arrastou dos cofres públicos para fazer cinema, desde os tempos da Embrafilme dos militares, desconfio que o lobista, se quisesse, poderia construir não sei quantos palácios da Alvorada, embora tenha "pipocado" na hora de comprar o espólio da estatal do cinema).

Um articulista de "O Globo", Zuenir Ventura, comunista light sempre a serviço da patotagem cinemanovista, escreveu que o melodrama de Barreto, em fase de acabamento, "mexe com a emoção e vai encharcar o cinema de lágrimas". Sobre isto, tenho poucas dúvidas: o apelo emocional do relato de mãe e filhos menores sobrevivendo em meio à miséria, se tratado com o mínimo de talento, sempre rende um bom caldo. (Sem esquecer que o infatigável Barreto, se quiser, ainda pode avançar com apetite de hiena em cima do "tíquete cultural" recentemente anunciado pelo Minc, outra prodigalidade fiscal criada pelo governo, capaz de atrair para o seu "negócio de ouro" filas de milhões de lacrimejantes).

No entanto, devo ponderar ao leitor que, por si só, o fato de Lula ter sido retirante não explica sua ascensão política: uma coisa é o Luiz Inácio criança sacolejando num pau-de-arara ou comendo o pão que o diabo amassou como engraxate nas ruas de Santos, e outra, bem outra, é o Lula sindicalista, figura disponível enfronhada até os ossos na catequese comunista das "eclesiais de base" do Frei Betto, Casaldáliga e D. Cláudio Hummes, ou o Lula ventríloquo emprenhado pela gororoba da pseudociência dos bem-remunerados marxistas da USP - uma gente na sua totalidade fanatizada pelo materialismo dialético, todos eles egressos de movimentos comunistas derrotados durante décadas pela vontade do povo brasileiro e dos milicos.

Sim, há um aspecto fundamental neste caldo biográfico que o "negócio de ouro" de Barreto na certa não irá distinguir, isto é: que o filho de Dona Lindu, o rapazote angustiado pela fome e pela incompreensão do mundo, nada tem nada a ver com o pivete que tomou o dinheiro do patrão para fazer hora extra e depois, sem trabalhar, mandou o patrão "tomar no cu"; ou com o operário ignorante, mas maleável que, conduzido por mãos comunistas, freqüentou cursilhos (na Alemanha Oriental, entre outras plagas) especializados no fomento ao ódio de classe; nem muito menos com o companheiro escolado, feito líder sindical com o apoio maquiavélico do General Golbery (mentor do contragolpe de 1964), a encher a cara de cachaça e tomar a grana de Murilo Macedo, o ministro do Trabalho da ditadura militar.

No prefácio do livro de Denise Paraná, o uspiano "utópico" Antonio Cândido (no parecer preciso de Oswald de Andrade, um "chato-boy"), citando outro comunista, o antropólogo Oscar Lewis, tenta explicar a existência de Lula-filho-de-D. Lindu e do Lula-agente-do-PT como uma transição natural da "cultura da pobreza" para a "cultura da transformação", cuja síntese histórica será o advento do comunismo ("a sociedade na qual a distribuição dos bens seja pelo menos tão importante quanto a sua produção", diz ele).

Conversa mole, trololó de acadêmico (fanático) para inocular o virus revolucionário na cabeça dos trouxas! Como qualquer observador pode vir a concluir, Lula e o PT (encarado como uma "quadrilha organizada" pelo que resta da efetiva consciência nacional) são produtos diretos do arreglo histórico, ainda hoje prevalecente no Foro de São Paulo, entre os intelectuais comunistas da USP, religiosos apóstatas da Teologia da Libertação e esquerdistas radicais envolvidos com o terror rural e urbano.

(Se o leitor quer detalhes, foi justamente um desses integrantes da elite intelectual comunista, remanescente da antiga "Esquerda Democrática" (PSB), o abastado Mário Pedrosa (trotskista histórico), que, interpretando a vontade dos pares, escreveu em 1978 a negligenciada "Carta a um operário", convocando o sindicalista do ABC a urgir forças para fundar o Partido dos Trabalhadores, necessário, segundo ele, à materialização do "socialismo democrático". Na verdade, não poderia ser de outro modo: esfacelada nos distintos campos de batalha, inclusive no da luta armada, restava à "inteligentsia" cabocla criar um preposto convincente para chegar ao poder e socializar o País).

Bem, em parte graças à permissiva "teoria da descompressão" de Golbery, quase trinta anos são passados desde a fundação do PT, e aqui estamos todos na ante-sala (melhor seria dizer, saloon) do reino fantasiado por Marx, Lênin, Gramsci, Mao e Fidel Castro. Nele, Lula, o filho "espiritual" de Betto, Candido, Pedrosa, Buarque e Carvalho (entre outros) labora, sem medir recursos, para destruir por dentro a "democracia burguesa".

Neste período, o filho acalentado dos quatro Cavaleiros do Apocalipse (os componentes do arreglo acima enumerados e mais o poderoso exército da mídia comprometida com o feitiço revolucionário), feito presidente, tornou-se um animal político da mais baixa categoria, capaz de tudo e mais alguma coisa no propósito de criar "um outro mundo possível".

Basta conferir: com Lula no poder o Brasil tornou-se, de forma premeditada, um dos países mais corruptos do mundo, onde a população se deixa escravizar seis meses ao ano para, entre outras mazelas, financiar o incontrolável aparelhamento da máquina pública, a bilionária propaganda enganosa, os "movimentos sociais" criminosos, as incontáveis Ongs parasitárias, o fausto palaciano, os partidos políticos de aluguel, programas sociais fraudulentos, etc., para não falar no enriquecimento súbito e milionário de amigos e familiares - tudo a funcionar com a precisão de um cronômetro suíço, como de resto recomenda a boa prática do "socialismo democrático".

Como conseqüência desta escalada para "a construção de uma sociedade mais justa e solidária", que se esmera no cultivo da moral revolucionária, cujo objetivo é solapar os alicerces da cultura ocidental e da ética cristã (não matar, não mentir, não roubar...), a nação se agiganta num convívio de irmão siamês com o narcotráfico, o tráfico de armas, os escândalos diários e os incessantes assaltos aos cofres públicos - tudo no reboque de um judiciário politizado e de um aparato policial, salvo hiato, contaminado pela moralidade criminosa dos Donos do Poder.

Pois bem: é neste clima de diluição moral e de completa mistificação ideológica, no qual o cidadão indefeso precisa ser logrado a todo custo, que vai ser lançado em 2010, ano das eleições presidenciais, "Lula - o filho do Brasil", o "negócio de ouro" de Barreto, uma indisfarçável peça de propaganda a serviço do culto à personalidade.


Quem dúvida?

11 de set. de 2009

Dois mil anos depois: - ao povo, pão e circo!

imagem Voto de cabresto











Klauber Cristofen Pires


O lulo-petismo-bolivariano acaba de anunciar a criação do bolsa-cultura, mais um engodo eleitoreiro neste país que tem um verdadeiro fetiche por vales. Para quem ainda não sabe do que se trata, o benefício atenderá trabalhadores que ganhem de um a cinco salários mínimos e que talvez seja estendido, em menor proporção, aos assalariados que ultrapassem este limite, por meio da entrega de um cartão eletrônico, carregado com um valor que deverá ser fixado em cerca de R$ 50,00, para realizar despesas tais como o ingresso em cinemas, teatros, e aquisição de livros ou CD's. De acordo com o projeto de lei, o trabalhador deverá contribuir com alguma parcela, que será progressiva, entre 10% e 90%, e o empresariado deverá ser compensado com deduções fiscais.

Mais uma vez, o estado (sim, escrevo - e corretamente - "estado" com inicial minúscula!) vem com a sua pena de chumbo ditar o que o povo deve fazer com o seu dinheiro.

Analisando os artigos e comentários extraídos da internet, percebe-se a confusão mental dos que pretendem dar o seu pitaco: uns julgam que é bom, mas deve haver uma severa fiscalização (não dizem sobre o quê fiscalizar), outros reclamam que os eventos culturais a serem escolhidos pelas pessoas não terão conteúdo educativo, e assim por diante.

Tais palpites já evidenciam em si próprios os perigos que eles mesmos propõem: mais futura intervenção estatal! Se hoje a meta é instituir o vale-circo, amanhã medidas "corretivas" haverão de ser tomadas, e isto pode incluir orientar a validade do cartão apenas para programas nacionais ou de conteúdo educativo (leia-se "ideologicamente doutrinatório"), bem como o de criar um órgão, repleto de conselheiros e fiscais barbudos com os bolsos regiamente engordados à base de muito DAS para lidarem com um problema que foi deliberadamente criado pelo próprio governo.

Há algum tempo atrás, eu fazia pequenas contribuições ao IBH - Instituto Brasileiro de Humanidades, e sobre as quais eu podia obter deduções do IRPF, por efetuar doações a uma entidade cultural sem fins lucrativos. No ano seguinte, porém, talvez por ter percebido que a instituição possuía vínculos com o filósofo Olavo de Carvalho, bem como por possivelmente haver outros casos semelhantes e que não lhe fosse do agrado, o governo passou a vincular as deduções apenas a entidades que obtivessem a sua prévia aprovação. Não é de estranhar, pois, que o mesmo se suceda futuramente com o indigitado cartão.

A classe artística, é claro, só aplaude. Se antes, mesmo com os fartos recursos públicos sobre os quais nem sempre, ou melhor, freqüentemente - está bem, quase nunca(!) - são prestadas as devidas contas, os filmes e espetáculos caboclos se apresentavam às pulgas, agora o governo enfim encontrou a solução final: vai pagar-lhes também a platéia. Deveria também se preocupar em pagar os macacos de auditório que com suas placas instruíssem o povão a aplaudir, a rir ou a chorar. Assim o pacote ficaria completo.

Agora, entremos no xis da questão, até então olvidada por quase toda a gente: em um país em que a poupança é uma lenda e em que faltam recursos para toda sorte de investimentos - refiro-me tanto aos públicos quanto aos privados - não trata mais esta benesse uma nova fonte de desperdícios para os já escassos recursos nacionais? Vejamos, senão, o que nos ensina o filósofo e economista Hans Hermann Hoppe em "Uma Teoria sobre o Socialismo e o Capitalismo"[i]:

Por uma razão, ao analisarmos diferentes tipos de socialismo para os quais existem exemplos reais e históricos, (exemplos os quais, certa e freqüentemente, não são chamados de socialismo, mas que aos quais se dá um nome mais apelativo), é importante explicar por que, e de que modo, qualquer intervenção, pequena ou grande, em qualquer lugar, aqui ou ali, produz um efeito particularmente disruptivo na estrutura social que um observador teoricamente não capacitado, superficial, cegado por uma conseqüência imediatamente positiva de uma intervenção particular, pode não perceber. Ainda assim, este efeito negativo, todavia, existe, e com certo atraso irá causar problemas em um lugar diferente na estrutura social, mais numerosos ou severos que os primeiros resolvidos pelo ato de intervenção inicial. Conseqüentemente temos, por exemplo, efeitos positivos altamente visíveis das políticas socialistas tais como "alimentos baratos", "aluguéis baixos", isto ou aquilo "grátis", que não são apenas coisas positivas flutuando no ar, desconectadas de qualquer coisa, mas antes, são fenômenos que têm de ser pagos de alguma forma: pela escassez ou queda na qualidade dos alimentos, pelo déficit habitacional, decadência e favelas, filas e corrupção, e adiante, pela queda dos padrões de vida, reduzida formação de capital e/ou aumento de consumo de capital.

O ensinamento do sábio alemão é simples: o dinheiro não é chicle de bola. Aliás, mesmo o chicle, a qualquer momento, estoura! Onde aqui é aplicado, ali vai faltar. Sobretudo, temos de mais uma vez dizer: substituirá o juízo de milhões de pessoas, pelo juízo de um só. Estimando que tal benefício venha a contemplar cerca de 116 milhões de pessoas, ou 34 milhões de assalariados, assim como divulgado por O Globo[ii], um mero cálculo aritmético nos leva ao cirrus de 20,4 bilhões de reais por ano!

Da parte das despesas públicas, enquanto o brasileiro terá dinheiro para comprar ingressos para shows e cinemas (não vou entrar no erro de criticar o que as pessoas desejam assistir ou ouvir), ainda permanecerá dormindo em hospitais à espera de uma senha; ainda terá seus filhos a saírem da escola sem nem sequer lerem corretamente; ainda sentirá aquele baque na coluna pelo ônibus coletivo que bate em seco no buraco, e pior de tudo, ainda terá a sua vida e a dos seus em perigo pela criminalidade que só se expande.

Da parte privada, um universo de possibilidades de produção de bens que possam vir a ser mais urgentemente necessários - segundo o critério de quem entenda os necessitar - será deprimido, com a conseqüente escassez de empregos e o encarecimento dos bens atualmente produzidos.

Digo tudo isto com complacente decepção, pois os entusiastas excedem em muito a mim e os que entendem o que aqui escrevo. Não há dúvidas de que o vale-cultura há de se tornar um reforço a mais na nova versão do voto-de-cabresto.




Notas: [i] Tradução autorizada de "A Theory of Socialism and Capitalism", cujo download por ser feito a partir da livraria virtual do meu blog LIBERTATUM (http://libertatum.blogspot.com) ou em outros sites que também o hospedam.


25 de jun. de 2009

Patrimônio Cultural

imagem:Igreja de Nossa Senhora do Carmo.
Recife, Pernambuco, Brasil - Galeria Pedro Valadares



A preservação da memória de um povo está diretamente relacionada à conservação de seu patrimônio cultural.

O processo de tombamento, no entanto, nem sempre é garantia de perpetuidade dessa memória, que muitas vezes se desfaz pela falta de incentivos públicos e privados. A primeira legislação brasileira que normatiza o tombamento do patrimônio cultural é o decreto-lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, que criou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e ainda vigora. Desde então, 676 bens arqueológicos, etnográficos, paisagísticos e históricos estão catalogados nos livros de tombo do órgão federal; outras centenas estão em tese protegidos pelos institutos estaduais e municipais. Saiba quais são esses órgãos, o que pode ser tombado e entenda o processo e suas implicações.
Perguntas & Respostas sobre Patrimônio Cultural - Brasil

30 de abr. de 2009

Lula e o controle da cultura

Imagem: Stalin Love - cavaleirodotempo

Por Ipojuca Pontes

Para consolidar tal projeto, se faz necessária, como o presidente-sindicalista já deixou claro, a expansão do “Estado Forte”, onde ao indivíduo cabe pouco mais do que o papel de burro de carga, a alimentar uma colossal e dispendiosa estrutura burocrática.

Conforme determina cláusula pétrea, um dos primeiros passos de Lenin na rota da “construção do socialismo” dentro da URSS foi estabelecer o controle dos “meios sociais de produção”, nele incluído, óbvio, completo domínio sobre os veículos de comunicação, estabelecimentos de ensino e da produção cultural. Mas, antes de adotar qualquer medida, demonstrando grande senso de objetividade, logo depois de desfechar seguro golpe sobre o Governo Provisório de Kerensky, o mentor da “ditadura do proletariado” tomou a iniciativa de mandar um bando armado se apossar das chaves do cofre do Banco do Estado russo. Ele queria, desde logo, o controle da grana.

(Só a título de ilustração, o historiador inglês Orlando Figes, no seu bem documentado livro sobre a revolução russa, “A Tragédia de um Povo” - Record, Rio, 1999 -, relata episódio, considerado a um só tempo grotesco e brutal, do infeliz diretor do banco oficial que, ao negar a entrega das chaves da caixa-forte ao bando revolucionário, levou um tiro na nuca depois de perder parte da mão arrancada por uma dentada).

Ao impor o seu sistema de governo, de caráter totalitário, Lenin, amparado no poder dissuasório da coerção e da violência, tinha por objetivo a tomada (e a destruição) dos “meios de produção e expressão do pensamento burguês” (em russo, “burzhooi”), tidos historicamente como ultrapassados. Caberia a ordem emergente estabelecer os padrões de supremacia dos valores do pensamento proletário e fazer dos meios de comunicação e da produção cultural instrumentos ideológicos a serviço da propaganda e das metas revolucionárias sob o controle burocrático do Partido Bolchevique (leia-se comunista).

O modelo de “organização da cultura” imposto por Lenin nos primeiros anos do regime, embasados na censura e no patrocínio estatal, só atingiu o patamar da excelência na Era Stalin, univocamente voltada para a expansão da ideologia comunista no seio da sociedade. Para consolidar tal projeto, e manter o ativo controle do aparato burocrático sobre a difusão das idéias e da criação artística, Joseph Stalin, então considerado “Guia Genial dos Povos”, não precisou chafurdar muito: ele tinha ao seu dispor, alojado no Comitê Central do Partido Comunista, a figura de Andrei Aleksandrovich Jdanov, o estrategista da política cultural do regime e mentor do “realismo socialista”, o preceito estético, de “valor universal”, que tinha como princípio comprometer a criação artística – notadamente no cinema, teatro, literatura, música e pintura – com “a transformação ideológica e a educação do proletariado para a formação do novo homem socialista”.

Desde logo, com as chaves do cofre nas mãos, Jdanov disse a que veio: fiel interprete do espírito revolucionário, deixou a entender que dali em diante a atividade cultural seria uma empresa voltada para implantação do socialismo. Dentro deste escopo, Jdanov selecionou artistas e burocratas afiliados ao PC e estabeleceu as novas regras para obtenção dos financiamentos oficiais no terreno das artes. Para avalizar os projetos culturais (ou censurá-los), e distribuir as benesses, ele fixou critérios, organizou comissões e conselhos e, no controle seletivo da produção cultural, em vez de arte, criou a mais formidável máquina de propaganda jamais imaginada, capaz de fazer o mundo acreditar que Stalin era Deus e que o povo russo, submetido a eternas cotas de racionamento, vivia no Paraíso Terrestre.

Pensadores e artistas genuínos pagaram caro pelo processo cultural acionado pelo stalinismo, decerto mantido até hoje em várias partes do mundo (vide Cuba, China e adjacências). A partir da “seletividade” imposta por Djanov no campo da produção cultural, centenas de criadores foram marginalizados da atividade artística. Outros foram presos ou ficaram loucos. Outros tantos foram cortados da lista de distribuição de benesses oficiais e segregados como “formalistas”, “reacionários”, “cosmopolitas” e “inimigos do povo”.

No reino discricionário da cultura oficial soviética, por exemplo, a notável poetisa Ana Akhmatova (para Jdanov, “meia-freira, meia-meretriz”) foi levada à miséria, Maiakoviski ao suicídio, Solzhenitsyn e Boris Pasternak aos campos de concentração. Dostoievski, por sua vez, foi banido das bibliotecas públicas. O próprio Serguei Eisenstein, o inventivo cineasta da propaganda stalinista, amargou o diabo depois que exibiu para o crivo crítico de Stalin a sua versão de “Ivan, O Terrível” (parte dois), morrendo em seguida.

Em tempos recentes, depois da morte de Stalin, aos preceitos do Jdanovismo foram adicionados, no campo da “organização da cultura” socialista, os ensinamentos de Antonio Gramsci (“Il Gobbo”), teórico comunista italiano, criador da estratégica “revolução passiva”. O modelo traçado por Gramsci para a construção do socialismo, em vez do apelo ao mito da força proletária, privilegia o papel da cultura e o poder multiplicador dos meios de comunicação, fundamental para a difusão de um novo “senso comum” no seio da sociedade. Sem a “revolução do espírito”, diz Gramsci, “a ser disseminada pelo intelectual orgânico, não se pode destruir o Estado burguês” (leia-se democrata).

No Brasil, ao assenhorear-se do poder, Lula e seus agentes, passaram a laborar, dia e noite, aberta ou veladamente, na “construção do socialismo”. Para consolidar tal projeto, se faz necessária, como o presidente-sindicalista já deixou claro, a expansão do “Estado Forte”, onde ao indivíduo cabe pouco mais do que o papel de burro de carga, a alimentar uma colossal e dispendiosa estrutura burocrática.

Na esfera da cultura, desde a proposta de criação da Ancine, em 2004, o governo, sempre tentando o controle total sobre os recursos tomados à sociedade, busca a ingerência direta no processo da criação artística. Nada leva a crer que a atual investida na revisão da Lei Rouanet tenha outro objetivo.

(Como a parafrasear Fidel, o Nosso Guia, com a grana no bolso, por enquanto esconde o definitivo recado: “Dentro do socialismo, tudo; fora do socialismo, nada”).

25 de mar. de 2009

Governo quer lançar Bolsa-Cultura

Ideia é criar vale com limite de R$ 50 mensais, para uso em cinema, teatro, shows e espetáculos em geral

Vannildo Mendes

Em tempos de orçamento apertado, o governo pretende lançar uma espécie de Bolsa-Cultura. De acordo com proposta do Ministério da Cultura, trata-se de um vale-cultura que vai se juntar ao tíquete-alimentação e ao vale-transporte no pacote de benefícios trabalhistas existentes no País.

A medida está prevista no projeto de revisão da Lei Rouanet (Lei nº 8.313), que o Ministério da Cultura pôs ontem em consulta pública em sua página na internet por um prazo de 45 dias. Depois desse prazo, o governo acolherá ou não as sugestões e encaminhará o texto final de um projeto de lei para o Congresso.

Anunciada ontem pelo ministro Juca Ferreira, a medida pretende atingir um total de 12 milhões de trabalhadores do mercado formal e injetar R$ 600 milhões por ano de recursos novos na economia do setor cultural.

O vale-cultura terá, segundo a proposta original, limite de R$ 50 mensais, para uso em cinema, teatro, shows e espetáculos culturais em geral. O trabalhador arcará com 20% e o restante será rateado entre o governo (30%) e as empresas (50%).

O ministro disse esperar que o novo mecanismo cause na cultura o mesmo impacto que teve o tíquete-alimentação na qualidade alimentar do trabalhador e na economia do mercado de restaurantes. Ferreira espera com isso melhorar o acesso das camadas populares aos bens culturais.

"Existe um apartheid cultural no Brasil e poucos têm acesso à cultura", argumentou ele, lembrando que só 14% dos brasileiros vão ao cinema e menos de 8% a museus e teatros.

A nova proposta cria cinco fundos de financiamento da cultura (Artes, Memória e Patrimônio, Livro e Leitura, Cidadania, Identidade e Diversidade Cultural, além do Fundo Global de Equalização, com a missão de equilibrar a distribuição dos recursos).

RENÚNCIA FISCAL

A proposta muda o sistema atual de captação e distribuição de recursos baseados quase exclusivamente na renúncia fiscal da Lei Rouanet, um modelo, para Juca, "desigual e esgotado". Hoje, de acordo com o ministro, mais da metade dos recursos captados vai parar nas mãos de um seleto grupo de 3% de grandes produtores culturais do eixo Rio-São Paulo.

Esses investimentos, observou Juca, dão prioridade para os projetos de alto retorno comercial, em prejuízo das atividades culturais alternativas e de baixo apelo de marketing, como folclore regional, manifestações culturais indígenas, quilombolas e de minorias étnicas.

Os critérios para o uso dos impostos serão estabelecidos por um conselho, que será composto pelo governo e pela sociedade, de forma paritária, correspondente à atual Comissão Nacional de Incentivo a Cultura (CNIC).